Você Não Está Só #17

Capítulo 17 — Culpa em Chamas

Anteriormente…

Ian descobriu que suas habilidades espirituais são maiores do que qualquer um pensou, mas agora ele precisa lidar com algo muito maior: Melissa desapareceu…

deixe que o fogo consuma

toda a dor que existe em você

deixe que eu assuma

todas as guerras dentro de você

Culpa em Chamas

Capítulo 17 — Culpa em Chamas

Revisão: Bianca Ribeiro.

Ele a levou, é o que se repete na minha mente enquanto corro contra o muro onde Melissa não está mais. As lágrimas enchem as pálpebras, preciso insistir muito para elas não caírem. Com um salto consigo me agarrar a borda, uso os pés na parede para subir, os músculos dos braços doem, porém, eu também trato de ignorar esta dor.

A única coisa que importa é a segurança da mulher que eu amo.

Empurro o corpo até colocar a cabeça por cima do muro. A névoa densa dificulta a visão. Insisto com os pés, deslizando-os na parede, tentando firmá-los um pouco que seja para não cair. Ouço um choro contido do outro lado, um arrepio me atravessa como um raio como um pulso de energia; e finalmente consigo escalar o muro.

Melissa está encolhida no chão.

Ela está viva, o coração reorganiza o ritmo em um suspiro. Deixo-me cair do outro lado do muro, ao lado dela. Melissa continua encolhida, chorando baixinho. Encosto na parede, pego um cigarro dos bolsos, mas antes de colocar na boca percebo a mancha vermelha que fica, ainda há sangue nas minhas mãos.

Jogo fora, pego outro depois de esfregar as pontas dos dedos, e acendo.

— Desculpa por te fazer ver aquilo — falo tentando achar o céu por trás de toda a névoa.

Melissa continua chorosa.

Trago o cigarro mais uma vez. Fecho os olhos. Devia ter a afastado quando o copo explodiu cortando minha mão. Um coração quebrado é menos doloroso do que a morte. Assopro a fumaça, olho para a Melissa encolhida do lado. Pelo menos devia ser menos doloroso.

Respeito o espaço de silêncio do qual ela precisa agora. Fumo sem pressa, aproveitando o momento para refletir sobre o que está acontecendo. Matando dentro de mim o resíduo de anos de ceticismo.

Há um demônio brincando com as vidas humanas nessa cidade. Ou melhor, com as almas. Existem almas humanas neste lugar. E há monstros. Não sei como nenhuma dessas afirmações é possível, mas é a verdade.

O mundo sobrenatural é tão real quanto o mundano.

— Seu rosto… — Melissa balbucia, tirando o rosto dos braços —… ele era familiar demais.

Concordo num murmuro, dando a última tragada.

— Parecia com o Bruno, não acha?

— Com o Bruno? Não, nem um pouco!

Melissa ergue o rosto, os olhos vermelhos e molhados. Derrubo o cigarro no chão e caio de joelhos na frente dela. Ela arregala os olhos. Abraço-a colocando sua cabeça em meu peito e faço cafuné lento. Sinto seus dedos agarrados às minhas costas como se sua vida dependesse disso.

— Com quem ele parecia para você, Mel?

Ela se afasta apenas o suficiente para me olhar. As lágrimas enchem os olhos prestes a cair. Acaricio sua bochecha, dando o espaço seguro que ela precisa neste momento. Fecha os olhos e derruba um fio prateado que eu recolho com o polegar.

— Ele parecia… ele parecia com o meu irmão — revela e sua voz desaba aos prantos no meu colo. Beijo o topo da cabeça dela, pensando no que sua mãe me contou. Deixo-a chorar até conseguir falar de novo. — Ele estava queimado da cabeça aos pés do jeito que minha mãe falou que ele ficou ao acharem ele. Por que ele está aqui, Ian? Por quê?!

Engulo em seco, as palavras somem do meu cérebro. Seus olhos debulhando-se em lágrimas fazem meu coração sangrar. Volto a abraçá-la apertado, faço cafuné lento enquanto seu corpo estremece aos prantos.

O demônio está brincando com o nosso sofrimento.

Tenho certeza da criatura que vi instantes antes, ela não se parecia em nada com a descrição dada por Melissa. Estamos vendo mundos diferentes. Vivendo traumas individuais. Isso só me deixa puto.

— O ferimento abriu, Ian — Melissa avisa, segurando minha mão esquerda ensopada de sangue, retirando as lágrimas do rosto apressadamente. Franze o cenho para ficar com uma expressão mais imponente. — Precisamos trocar os curativos antes que pegue uma infecção nesse lugar sujo.

— Não precisamos ter pressa.

— Precisamos, sim. Vamos achar esse hospital e—

— Você pode ficar triste às vezes.

Seus olhos se arregalam como bolas de gude. Os vincos na testa se desmancham e ela concorda com os olhos cheios d’água. Puxo-a de volta em um abraço apertado com uma das mãos, pois a outra deixo erguida para não manchar suas costas com sangue.

Encaro a névoa densa no horizonte. Preciso me lançar dentro dela, encontrar as respostas que tanto procuro. Achar uma forma de fazer isso tudo valer a pena e continuar cuidando da mulher que amo. Ao mesmo tempo, eu gostaria de ir embora trazendo Melissa comigo para que ela ficasse longe de todos os terrores que existem nesta cidade maldita.

— Meli! Socorro! Meli!

A voz veio de dentro da imensidão pálida. Melissa se vira, seu choro estaciona por um momento. Todo seu corpo treme contra o meu. Uma silhueta parece nos encarar. Ela é pequena demais para ser o demônio de chapéu, porém, não suficiente para não ser humana. Parece ser uma criança vista da nossa distância.

— Meli! — a silhueta é quem chama.

Melissa dispara na direção da sombra, empurrando-me de leve. Tento capturar sua mão no ar. Nossos dedos chegam a se tocar, mas ela consegue mergulhar no vazio. No fim das contas eu não a perdi para as trevas, mas para uma estranha luz.

Sacudo a cabeça para os lados.

Eu não posso perdê-la.

Chamo seu nome e corro na mesma direção. Posso ver o contorno perfeito de seu corpo zanzando nas ruas da cidade. Já não vejo a silhueta infantil. Melissa não me responde, ela apenas continua andando a esmo. Continuo atrás dela mais alguns metros. Várias silhuetas surgem de repente, cercando-me. Olhos brilhantes me encaram no que deve ser a calçada já que estou no meio da rua. Escuto cochichos das almas que ficaram aprisionadas nessa cidade por causa daquele demônio, mas não entendo o que eles falam.

Um forte odor de fumaça invade minhas narinas. Coloco o antebraço na frente do rosto, os olhos apertados começando a lacrimejar. Clamo por Melissa mais uma vez, agora com o coração batendo forte o suficiente para romper as costelas. As vozes ao meu redor são sobrepostas com o crepitar de fogo distante.

A silhueta dela fica distorcida. Derramo lágrimas sem emoção. A névoa, sempre tão fria, começa a ficar quente. As almas ao meu redor se dissipam tornando-se cinzas que flutuam ao meu redor. As mesmas cinzas das quais outros fantasmas eram feitos. Quando dou uma boa olhada para os lados encontro brilhos alaranjados que dançam crepitando.

Santa Mônica está em chamas.

— Melissa! Volta aqui! — imploro, o medo já me dominou.

A névoa começa a escurecer de repente. O calor se torna insuportável, porém não posso tirar as roupas. Ao contrário, ajeito-as para me cobrir mais. Escondo parte do nariz na roupa. Essas trevas são apenas resquícios das chamas que envolveram a cidade em algum momento.

Eu não consigo mais ver Melissa.

Ela vai morrer por minha causa, estaco no meio da rua, ele vai levar mais uma pessoa que amo.

As lágrimas despencam pelas bochechas. Meu braço direito arde. Encontro o terço com uma fina camada de luz que parece queimar a carne debaixo dele. Eu não sei o que está acontecendo. Essa mesma mão foi a responsável por fazer a passagem de um espírito. Levanto a mão até perto do rosto, fios de luz se enroscam nos dedos como cristais minúsculos.

O calor dessa luz é agradável.

Sacudo a mão à frente do corpo e deixo um rastro de pétalas luminosas. Uma estrada se abre dentro da imensidão escura. Vislumbro por um breve instante os cabelos rosados de Melissa avançando na direção de uma casa em chamas e então a fumaça volta a tomar conta.

Avanço pelas ruas tomadas pela escuridão. Cada vez que sacudo a mão consigo enxergar um pouco melhor o que está adiante. O barulho incendiário toma conta dos meus ouvidos, o calor do fogo beija minhas bochechas e seu brilho alaranjado queima meus olhos.

Há uma casa de dois andares pegando fogo bem na minha frente. Possui uma arquitetura diferente de todas as outras na cidade, além de estar se deteriorando. A porta está aberta, por onde sai fumaça cinzenta.

— Guilherme! — Melissa grita dentro da casa.

Corro para dentro dela sem pensar em mais nada além do sorriso de Melissa. Uma língua de fogo estala na minha frente tentando me impedir de continuar. Desvio por pouco de ser queimado no rosto, mas não tenho a mesma sorte com o cotovelo esquerdo que acaba sendo chamuscado. Pressiono os olhos com a dor. Encaro o cenário terrível, as paredes estão cobertas de chamas que mais parecem cachoeiras invertidas, a fumaça paira como um fantasma.

Foda-se, nada irá me impedir de proteger a mulher que amo.

Ouço a voz dela ecoando no andar de cima. Passo os olhos pelo ambiente, em busca de um caminho pelo qual eu possa subir. O fogo se intensifica na forma de um sorriso perverso; e isso me faz sorrir.

— Acha mesmo que eu me importo? — falo para quem estiver ouvindo.

Coloco as mãos na frente como escudo. Deixo a palma da mão direita pronta para enfrentar outros incômodos sobrenaturais, dobro os dedos até se tornarem garras e as partículas de luz brilham mais forte. Minha visão desfoca por um breve instante, o cansaço está batendo forte.

Atravesso uma parede de chamas em um salto veloz. Caio do outro lado com apenas alguns chamuscados nas roupas. Seguro firme no corrimão da escada com a mão esquerda, o sangue estala molhado.

— Melissa! — chamo ao vê-la no topo das escadas olhando para os lados.

Ela se vira com a bochecha esquerda chamuscada.

— A casa está em chamas, Mel, precisamos sair antes que seja tarde.

— Eu não vou sair sem ele de novo, Ian.

— Sem ele? Quem?

Melissa aperta os lábios segurando a vontade de chorar. A bochecha dela não foi a única coisa queimada, pois consigo ver uma mancha preta nos seus cabelos rosados. Aperto os dedos no corrimão, sinto o sangue verter. Ergue e abaixa o rosto engolindo o choro.

— O Guilherme está aqui, Ian. Eu não sei como, não sei por que, mas meu irmão está aqui!

— Melissa, seu irmão…

Subo dois degraus. Melissa me manda parar com a mão.

— Eu sei o que falará e não quero ouvir. Ele precisa de mim, Ian.

— Mas…

— Eu não posso deixá-lo para trás de novo.

Melissa dá as costas para mim. As chamas crescem nas paredes. Nem mesmo isso é capaz de me impedir. Subo os degraus rapidamente, pulando de dois em dois, alcanço-a no meio do corredor em chamas e seguro sua mão com a canhota machucada.

— Me solta, Ian! Eu preciso ajudá-lo!

— Então vamos juntos — falo firme, franzindo o cenho.

Melissa arregala os olhos, desvia o rosto e nega em silêncio.

— Isso é problema meu. Você já tem os seus.

— Não, isso é problema nosso.

Fico mais perto dela. Madeira cai atrás de nós, devorada pelo fogo. Encaro-a no fundo dos seus olhos castanhos. Levo a mão direita ao seu rosto, acariciando a parte machucada. Melissa aperta os olhos, um raio de dor atravessa seus sentidos.

— Estamos juntos, Melissa.

— Juntos — ela concorda baixinho, a expressão calma em seu rosto.

Abro um sorriso amarelo. As chamas dançam ao nosso redor como se rissem da nossa decisão. Um choro baixo encosta em meus ouvidos sobrepondo até mesmo o som do incêndio. Melissa se vira na direção dele. Deve ser o suposto irmão, mas eu sei que ele não existe.

O demônio aprisionou os moradores da cidade e está brincando com nossas memórias mais dolorosas.

Caminhamos juntos até o choro. As chamas espiralam ao redor, caminhando pelas paredes como muros vivos. Paramos na frente de uma porta branca onde o fogo não ameaça encostar. Melissa estremece ao esticar a mão até a maçaneta. Confiro se não há nada de ameaçador vindo contra nós e encontro a silhueta demoníaca de chapéu no meio das chamas.

Ele está se divertindo com nosso sofrimento.

Uma forte vertigem faz tudo girar. Melissa vira a maçaneta. Dou atenção àquilo, pois é o que realmente importa. Assim que a porta é escancarada a mesma névoa que existia nas ruas da cidade escapa do interior do cômodo, serpentes brancas e frias que entram no corredor fazendo o fogo diminuir a intensidade, embora não o apague.

Entro atrás dela no quarto frio. Brinquedos estão espalhados no chão. Uma cama de solteiro encostada na cama, uma escrivaninha, um guarda-roupas. Tudo seria normal se não fosse a criança chorando encolhida no centro, seus cabelos são nuvens castanho-escuros. Antes que eu possa impedir qualquer coisa, ela cai de joelhos atrás dele.

— Está tudo bem agora, Gui. A mana vai te tirar daqui.

— Mel…

— Você demorou, mana — o menino diz, a voz áspera.

— Eu sei, mas vai ficar tudo bem agora.

A temperatura cai ainda mais. A névoa fica mais densa. O mero ato de respirar cria nuvens brancas. A nuca do menino está cheia de veias negras, a palidez típica de um ser sobrenatural.

— Não vai, não, mana.

— Prometo que vai, Gui.

Tenta tocar no ombro do irmão, mas apenas atravessa-o como se não existisse. Isso a faz cair para trás sentada no chão, a mão na boca. Agacho-me ao lado dela, encarando a criança que ri.

— Você me deixou morrer naquela noite, mana.

— Eu não…

— Você sim!

O menino vira o rosto revelando uma face derretida, os olhos caem do crânio feito gelatina e se tornam cinzas no assoalho. Melissa grita e se agarra às minhas roupas, encolhida dentro do meu abraço. O fantasma gargalha, os dentes caem enquanto seu rosto continua escorrendo e gotejando no chão.

— Esse é o resultado da sua falha.

Coloco a mão direita apontada para o fantasma macabro. O frio se afasta, mas o calor das chamas começa a invadir o quarto. Espio sobre o ombro o fogo insistindo para entrar no cômodo. Precisamos sair daqui antes que sejamos consumidos como essa criança foi. Melissa, porém, não dá o menor sinal de ter forças para fazer uma coisa dessas.

— Vocês vão morrer como eu, consumidos pelas chamas.

— Afinal, você não pode quebrar a maldição, Ian — diz outra voz.

Volto a encará-lo e encontro uma enorme sombra atrás da criança. Levanto o rosto sabendo o que vou encontrar. O sorriso malicioso do demônio está brilhando debaixo da aba do chapéu. Mordisco o lábio inferior, a raiva invadindo todo meu ser.

— Ninguém vai morrer hoje — cuspo.

— Você vai — o demônio responde, ergue o chapéu e me encara com enormes orbes vermelhas.

— Vai para o inferno!

Ele sorri, mas um calor ainda mais intenso toma conta da minha mão. Chego a fechar um dos olhos pela dor. As partículas de luz acendem e se dispersam como pétalas que circundam o menino que assiste assustado, virando-se para o demônio como se esperasse sua ajuda, mas ele não está falando ou fazendo nada.

O demônio nem mesmo sorri.

As pétalas penetram o corpo do fantasma fazendo-o brilhar em branco-amarelado de dentro para fora. Ele sussurra alguma coisa que faz o demônio nublar ainda mais a expressão. Seu corpo inteiro se desfaz, o vômito sobe a garganta, mas eu engulo.

— Vocês são tão parecidos — ele volta a falar aquilo.

— Eu tô pouco me fodendo para isso.

Passo as mãos pelas pernas e costas de Melissa. Ela entrelaça as mãos ao redor do meu pescoço e eu me ergo com ela no colo. Todo meu corpo estremece, a visão enturvece. Eu não sei se vou aguentar muito mais tempo. Consigo notar que vou desmaiar.

— As chamas vão devorar vocês — ele ameaça.

— Então vamos queimar juntos.

Dou as costas para o demônio que não tenta nos impedir, apenas ri.

Sinto o beijo infernal nas panturrilhas, cotovelos, ombros e costas. Continuo descendo as escadas até alcançar o andar debaixo me esforçando para ignorar a dor. Essa casa está condenada. O térreo virou um mar de fogo com enormes colunas de madeira caídas em várias partes. A tosse já me dominou por inteiro, mas Melissa ainda não está segura, então eu forço meu corpo só mais um pouco.

Assim que saímos da casa sinto a névoa beijando meu corpo com seu ar estranhamente refrescante. Caio de joelhos no meio da rua, afastado da casa em chamas. A fumaça não cobre mais as ruas. Melissa ainda está nos meus braços quando tenho certeza de que vou desmaiar.

— Está tudo bem agora, Mel.

Melissa encosta a mão no chão, equilibra-se e escapa do meu colo. Pelo menos ela está bem. Senta-se abraçada nos joelhos, olhando em direção àquela casa maldita.

— Você devia ter me deixado lá dentro como eu merecia.

— E você não devia ter vindo resolver meus problemas — retruco.

— Idiota.

— Seu… — minha voz falha, tudo gira. — Seu idiota.

Melissa se encolhe ficando com os joelhos mais perto do corpo.

— Meu — ela sussurra.

Essa é a última coisa que ouço antes de mergulhar nas trevas.

Comentário do Autor

Semana passada fui ao meu primeiro show da vida. Twenty One Pilots, em Curitiba. Nunca achei que fosse gostar de algo assim, confesso que comprei os ingressos porque era um sonho da minha noiva. No fim, porém, eu entendi. Estar lá foi mágico. Primeiro porque Tyler e Josh mandam bem demais no ao vivo. Segundo porque me fez refletir muitas coisas — assim como suas músicas fazem comigo normalmente — e me trouxe reflexões profundas no meio do show. Claro que chorei. Acho que, às vezes, precisamos desses momentos fora da curva para nos lembrarmos de que a vida tem altos e baixos e, mais importante, alegrias e tristezas. Somos um equilíbrio disso tudo.

Esse capítulo ilustra um pouco disso. Melissa é uma personagem que, vista pelos olhos de Ian, sempre carregou uma alegria, uma cor muito bela. No entanto, agora, sabemos que não é tudo tão bonito assim. Ela tem cicatrizes — literais e metafóricas — e sombras dentro dela que ele nunca viu.

No fim do dia são dois jovens muito, muito ferrados achando força um no outro.

Agora, para onde vão pessoas como Ian ao morrer?

GOGUN.